30/10/2010

Ex-jogador da Lusa relembra do treinador que o colocou nos profissionais

Uma das maiores revelações da Lusa, hoje veste a camisa do
Flamengo
Alguns quilos de massa muscular a menos, aparelho nos dentes, luzes no cabelo, quem diria que esse garoto se tornaria um dos maiores jogadores que passaram na Portuguesa de Desportos no século XXI?
Pois esse era o perfil de Diogo, do Flamengo, quando surgiu como promessa em 2005. Em comum com o jogador de hoje, há a posição mais recuada que voltou a ocupar desde a última partida, na qual enfim marcou seu primeiro gol pelo Flamengo, no empate contra contra o Corinthians. O camisa 43, aliás, se lembra com carinho do técnico que lhe deu a primeira chance de vestir a camisa do time profissional da Lusa e até criou um certo atrito no Canindé por conta disso. Era Giba, que tem história para contar sobre o ex-pupilo.
As passadas largas e o bom posicionamento foram algumas das características de Diogo que saltaram aos olhos do comandante, que orientava o time profissional da Lusa e sempre valorizava a base, chamando alguns dos juniores para o elenco profissional. Não demorou para que fosse feito o pedido de efetivação do jogador, então com apenas 18 anos, para disputar o Paulistão já em andamento. O que não foi fácil.
"O pessoal da Portuguesa ficou bravo, queriam lapidá-lo ainda, tinham medo de queimar o Diogo. Na verdade, ele não era nem titular em alguns jogos da categoria dele, mas vi potencial em seus primeiros minutos com a bola. Foi um atrito que atrapalhou até minha trajetória no clube, mas que valeu a pena". Contou Giba em entrevista ao GloboEsporte.com.
"Na estreia dele, o coloquei ainda no primeiro tempo e ele ajudou a virar o jogo. Mas Diogo corria tanto que a vontade passou da conta e tive de tirá-lo por cãimbra". completou o treinador Giba
A atitude é lembrada até hoje por Diogo, que a tomou como incentivo para não perder a chance.
"O time passava por dificuldades e ele apostou em mim. Todo garoto nota o receio do treinador em não queimar e, às vezes, perde uma oportunidade, mas eu recebi total confiança do Giba, que conversava muito comigo. Tenho muito carinho por ele, pena que foi bem pouco tempo de convívio". Citou o hoje atacante rubro-negro, em referência à demissão de Giba quatro rodadas depois de sua estreia, para a entrada de Vágner Benazzi, que somente no fim de 2006 foi experimentar o jovem atleta como um atacante.
E foram justamente os primeiros momentos oficiais de Diogo na carreira que o treinador revela terem sido os mais curiosos.
"Perdíamos um jogo para o Santo André por 2 a 0, quando eu chamei o Diogo para entrar, ainda no primeiro tempo. Com muita vontade, ele ajudou a equipe a se recuperar, deu passe para dois gols e viramos para 3 a 2. O problema é que ele corria para todos os lados, roubava bola na defesa... A vontade passou da conta e ele não suportou. Resultado: tive de substituí-lo antes de acabar a partida por cãimbra".Explicou Giba, aos risos.
Diogo também credita a fadiga ao ímpeto exagerado e ressalta que o caso não passou despercebido pelo treinador.
"No dia seguinte, Giba me chamou na sala dele: "Vem cá que eu vou te dar um livro, garoto". O nome era "O poder do subconsciente", me recordo até hoje. Li, mas não todo. Não vou me queimar com ele, né?" Divertiu-se o meia-atacante.
"Minha intenção era fazer com que ele entendesse, através da leitura, que a cabeça de um jogador precisa funcionar em equilíbrio com o corpo, a concentração faz a diferença, algo que ele já aprendeu. Muitos se perdem nisso e prejudicam a carreira".
Mentor também de Maicosuel, ídolo do Botafogo, no Atlético Sorocaba, Giba se diz contente com a ascensão de Diogo, que teve uma boa passagem pelo Olympiacos-GRE, e pede paciência a quem o cobra com tanto fervor em um período tão curto de Gávea.
"Quase todos os jogadores que chegam de fora no meio do campeonato sofrem para engrenar, é natural. E houve uma carga de responsabilidade imensa nele. É preciso lembrar que o Diogo jamais havia disputado uma Série A antes. Tenho certeza de que o Flamengo pode esperar tranquilo que 2011 será o ano dele".
Para o ex-chefe, o maior sonho é ver o garoto brilhando com a camisa verde amarela.
"É o maior reconhecimento que um treinador pode ter. Não é dinheiro, nem fama, e sim que um jogador que começou com você trilhe o caminho certo e atinja o ponto mais alto. Além dele, acho que o Deivid ainda pode se destacar muito. São dois baita jogadores ". Elogiou Giba, que curiosamente também foi um dos primeiros comandantes de Deivid, só que no comando da equipe do Santos.

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